segunda-feira, 18 de junho de 2012

EM BUSCA DE SENTIDO...


 Há razão para o ciúme?


Atônitos todos nós acompanhamos as notícias sobre o crime aparentemente passional da bacharela em Direito Elize Matsunaga, que assassinou e esquartejou o bilionário Marcos Matsunaga. De um conto de fadas no qual a mocinha pobre do interior do Paraná encontra o seu príncipe encantado, a um final macabro de filmes de terror, supostamente a motivação da morte foi o ciúme. Deixando outras motivações do crime à parte, põe-se em discussão: até que ponto o ciúme é benéfico ou maléfico numa relação a dois?
Tendo como sentimentos básicos do ser humano o amor e o ódio, entendo que o ciúme transita entre os dois, ou seja, ora motivado por um sentimento de zelo ao outro, ora mobilizado por sentimentos de posse, torna-se difícil identificarmos quando ele – o ciúme – é bom ou não à relação. Entretanto podemos aprofundar esta questão.
Vejam: se ao vermos o nosso parceiro ou parceira com outra pessoa aos abraços, beijos ou intimidades além da conta, e não sentimos ao menos uma ponta de ciúme, constatamos que há algo de errado em nós. Certamente o ciúme seria o sentimento mais provável nesta situação. Desabrochariam inseguranças, sentimentos de perda, de impotência, que consumaria em atos prováveis de agressões verbais ou físicas em direção ao parceiro (a). Estaríamos diante de um ciúme normal. Logicamente que falar em agressão e falar em assassinato e, principalmente, em esquartejamento, é outra coisa completamente diferente.
Vejamos duas outras situações: primeira: encontramos um número telefônico de um estranho ou estranha no bolso da camisa do parceiro ou na bolsa de nossa parceira; segunda: ao telefonarmos para o nosso namorado ou namorada descobrimos que ele ou ela não se encontra em casa. Se em ambas as situações, deduzimos que estamos sendo traído ou traída, é, no mínimo, uma atitude precipitada, quando não até neurótica. Ora, podemos até questionar de quem é o número do telefone encontrado ou para onde foi o nosso amado (a), sem, contudo, e antes, amarmos um barraco ou agredirmos com ofensas verbais ou físicas o parceiro ou parceira. Quando se instala um ciúme de natureza semelhante a estas situações, estamos diante de um ciúme patológico.
Para o espanhol Miguel de Cervantes "Os ciumentos sempre olham para tudo com óculos de aumento, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades."
E se “o ciúme quando é furioso produz mais crimes do que o interesse e ambição”, como disse o pensador francês Voltaire, fica a lição do inglês William Shakespeare, que escreveu Otelo, o Mouro de Veneza, um clássico da literatura e da temática do ciúme: “Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Quão felizardo é o enganado que, cônscio de o ser, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e, suspeitando, adora.”
Felizes mesmo são aqueles que amam e não precisam do ciúme para provar que amam. Amam pelo simples fato de amarem sem nada quererem em troca, nem mesmo a recíproca do amor. E amando, vivem apenas o seu amor e acreditam no amor do amado ou da amada.

AOS AMANTES DO AMOR, FELIZ DIA DOS NAMORADOS.

Psicólogo Gilvan Melo





segunda-feira, 11 de junho de 2012

EM BUSCA DE SENTIDO




 Relação marido e mulher



“Mulheres estão sujeitas aos seus maridos, como ao Senhor... E vós maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a igreja e se entregou por ela.” (Ef 5, 22; 25). Esta carta do apóstolo Paulo parece não soar bem no mundo machista de hoje. Contam-se nos dedos as mulheres que se sujeitam aos seus maridos, como também dificilmente encontramos homens que amam as suas mulheres a ponto de se entregarem a elas, tal como Cristo o fez no madeiro da cruz por amor à humanidade. Acaba sendo tentador para os casais manterem a castidade proposta na cerimônia do matrimônio, quando inúmeras são as possibilidades de vivermos uma vida mergulhada nos prazeres da carne. Tampouco é difícil aceitar ser “manobrado” num mundo que privilegia a independência, o “poder de si” e o isolamento.
Na busca pelo prazer e pelo poder nos desencontramos com o sentido da vida a dois. Sim, é pelo prazer que distúrbios sexuais têm invadido as famílias, provocando abusos de crianças indefesas por parte do próprio pai que as ajudou a vir ao mundo. É pelo prazer que mulheres, separadas do marido de primeiro casamento e não escolhendo bem os seus parceiros, põem em risco os seus filhos, subjugados a padrastos perversos e neuróticos sexuais.
É pelo poder que muitos casais não têm mais tempo para um lazer a dois ou com os filhos, desculpando-se da falta através da afirmação de que precisam trabalhar para suprirem as despesas da casa, quando “há muitos filhos que bem mais do que um palácio, gostariam do abraço e do carinho entre os seus pais”.  Pelo poder do orgulho casais não se perdoam diante das brigas causadas por erros na relação. Na ausência de diálogo e na tentativa de “dar um troco” aos erros do outros, muitos casais se separam, gerando uma enxurrada de problemas afetivos em ambos e nos filhos.
E onde fica o sentido? Como enxergar nos acertos e erros um caminho para a reconciliação? Como encaixar duas pessoas muitas vezes opostas, com educações e níveis intelectuais e financeiros diferentes, com crenças e religiões que “não se batem”?
É aqui que se encontra o desafio: viver bem com as diferenças. Unir-se pelo amor, pelo respeito, pela aceitação do jeito do outro, abrindo-se sempre ao perdão, até que se instale novamente a confiança. Sim, a fé em Deus é importante, mas aqui falo de fé no outro, acreditar na relação, acreditar no amor revelado no altar.
Que bom seria se nós casados, homens e mulheres, entendêssemos que a castidade não se resume à vida de um (a) consagrado (a): seja um padre ou uma freira. Somos todos chamados à fidelidade, “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, amando-nos e respeitando-nos até o fim de nossas vidas.” Amar até o fim é o sentido do matrimônio, talvez o mais desafiador de todos os sacramentos.
Não se esqueçam, casais: É da nossa relação que surgem os piores, mas também os mais santos homens e as mais santas mulheres da sociedade.


         MARIDOS E MULHERES, PAZ E BEM.

Psicólogo Gilvan Melo