Conheça
uma exposição que dá dicas para evitar o estresse causado pelo excesso
de informação e faça um teste para saber o seu nível de dependência
tecnológica
Stephanie Kohn
Você sabe quanta informação o ser humano consegue processar por dia?
Segundo o Museu da Comunicação de Berna (Suíça), com a ajuda da
tecnologia, os humanos recebem sete exabytes de dados a cada 24 horas.
Isso representa cerca de 959 bilhões de fotos em alta resolução (6 MB
por foto) ou 12 mil livros. Ainda de acordo com o museu, durante o
período de um clique, 20 milhões de emails são enviados e, a cada
segundo, 200 mil mensagens de textos são escritas. Absurdo, não é?
Com essa quantidade de dados atropelando nosso cérebro em um período
tão curto de tempo, não há quem não fique estressado. E foi pensando
justamente nesse estresse causado pela vida moderna que o museu suíço
resolveu criar uma exposição para ajudar as pessoas a se desintoxicar
desse mundo de informação e, conseqüentemente, da tecnologia.
A exposição, chamada de "Attention: communiquer nuit" ("Cuidado:
comunicar é perigoso", em português), funciona como uma espécie de
clínica, onde os "pacientes" podem testar o seu grau de dependência da
tecnologia e receber um "tratamento" e conselhos de como voltar a se
comunicar de uma forma menos compulsiva.
"Hoje em dia somos bombardeados de informações e temos acesso
privilegiado a todos os tipos de mídia e novas tecnologias, mas somos
muitas vezes submergidos por essa abundância. Transformamo-nos em
escravos da comunicação ou das mídias de informação", explica a
diretora do museu, Jacqueline Strauss.
A escravidão, como menciona a diretora, pode ser uma característica
típica do vício da internet, segundo a psicóloga especialista em
internet, Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisa de Psicologia em
Informática da PUC/SP. De acordo com ela, o vício é caracterizado não
pelo tempo de uso da tecnologia, mas pela uso que se faz da tecnologia.
“Uma pessoa que deixa de comer, sair ou dormir está viciada. Ela perde
rendimento no trabalho ou escola devido ao cansaço gerado pela
conexão", diz a psicóloga. "Também é comum que o viciado só fale sobre
internet e até sonhe com coisas relacionadas à tecnologia", completa.
Para avaliar o grau de dependência das pessoas, o museu desenvolveu um
teste que fica logo na entrada da exposição. O visitante só pode entrar
no espaço se passar por ele. Quem não sofre de estresse e tem pouca
dependência vai direto para a porta verde e sai ileso da clínica,
direto para o local da exposição. Já os demais casos passam pelas
portas amarela, laranja e, a pior de todas: vermelha, onde encontra-se
um “tratamento de choque”. Atrás dessa porta, o visitante precisa
permanecer certo tempo totalmente desconectado - sem celular,
computador ou MP3 player – apenas estendido em puffs e acompanhados por
uma voz feminina que lhes convida a fechar os olhos e parar de pensar.
Já dentro da exposição, o museu recomenda alguns exercícios de
relaxamento como empilhar pedras, caminhar ou usar brinquedos de
concentração. Luciana também dá outras dicas para se "desintoxicar" da
tecnologia: procurar atividades reais que não envolvam nenhum aparelho
eletrônico e que exijam a companhia de amigos ou familiares. "É preciso
sair efetivamente com as pessoas e aproveitar unicamente esses
encontros reais, sem fazer outras coisas ao mesmo tempo como usar a
internet no celular", comenta.
Outro conselho simples que pode dar resultado é se perguntar: porque
preciso estar conectado o tempo todo? O que estou ganhando com isso?
Assim, a pessoa toma consciência de que seu tempo pode estar sendo
desperdiçado na internet sem a menor necessidade. "A pessoa se vicia na
tecnologia porque tem alguma coisa errada ou a incomodando na sua vida
pessoal. Por isso que, quando ela descobre o motivo, fica mais fácil
parar e até perder o interesse", diz. Luciana ainda comenta que,
diferente de outros vícios como drogas ou alcoolismo, o vício da
tecnologia não precisa que o dependente pare de usar os aparelhos, até
porque isso é complicado, uma vez que a internet está muito presente em
nossas vidas. "A pessoa precisa apenas tomar consciência de que o uso
está sendo exagerado e que ela pode sentir prazer fazendo outras
coisas", conclui.
Aqueles que querem uma ajudinha extra para fazer a desintoxicação
digital, podem contar com um Instituto de Psiquiatria especializado em
dependência de internet. Eles oferecem atendimento à população,
orientação e pesquisa de novas terapias que tratem de pacientes que
desenvolveram alguma forma de dependência tecnológica. No site é
possível ler artigos sobre o assunto, conhecer os tratamentos e entrar
em contato com os psicólogos ou psiquiatras da equipe.
Além disso, existem hotéis nos Estados Unidos que já trazem pacotes que
impõem limites à conexão virtual. A proposta é que os hóspedes esqueçam
seus smartphones, tablets e computadores, e aproveitem os momentos de
descanso livres da tecnologia. Para conhecer estes paraísos totalmente
analógicos, visite os sites do Lake Placid Lodge (Nova York) e Quincy
(Washington).
Obs. No site do Olhar Digital está disponibilizando o teste de dependência em tecnologia.
Fonte: www.paulinos.org.br
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